O término

 

E lá estava eu, me arrumando para me encontrar com o Rodrigo, meu namorado. Ele disse pra eu encontrá-lo naquela praça vazia perto daqui, pois precisava conversar seriamente comigo. Confesso, a fase pela qual passamos não é das melhores...Mas eu o amo e perdê-lo seria pior.

Quando cheguei, fui vi ele sentado num banco cinza, de costas pra mim. Senti um frio na barriga, mesmo assim caminhei até lá. Ele estava lindo, com sua camiseta branca, jaqueta xadrez, jeans desbotado e seu bom e velho all star. Mas algo me chamou atenção : Ele não sorria, como sempre fazia quando me via.

Sentei do lado dele. Entrelacei nossas mãos, sempre fizemos isso quando conversamos juntos.

- Oi. -quebrei o silêncio, que gritava entre nós.

- Oi Amanda. Você esta linda. - disse ele olhando diretamente para meus lábios. Quando pensei que ele ia me beijar,me aproximei, mas ela virou o rosto pra baixo.

- Obrigada. Disse que queria conversar, certo?

- Sim.

Ele respirou fundo e começou seu discurso :

- Sabe... Há dias não parecemos mais um casal. - ele larga a minha mãe da dele -você é, na verdade eu achava que você seria a garota da minha vida. A garota certa. Eu estava apaixonado, sério. Eu te amei. - Senti meus olhos se encherem de lágrimas e meu coração queimar de tristeza - só que há um tempo, tudo mudou. Eu e você brigamos toda hora, há tempos não sinto a mesma coisa. Parece que nossas brigas e desentendimentos fizeram com o que eu sinto por você esfriar. - ele engoliu a seco, e só olhava para baixo.

Lágrimas caiam pelo meu rosto.

- Rodrigo, se você me amasse mesmo como você diz, não iria jogar tudo o que construímos no lixo. Ia tentar achar uma solução para os nossos problemas e ia fazer de tudo para não nos separarmos. - Ele então pôs a mão no meu rosto e enxugou minhas lágrimas.

-Eu sei. Eu tentei. Mas cada discussão da gente, mesmo que pequena, me machucava e tenho certeza que machucava você também, Amanda. Eu não aguento mais isso. Nós precisamos terminar para ninguém se machucar mais. - Disse ainda olhando para o chão.

-Tudo bem. É minha culpa. Meus ciúmes, minhas neuras e meus motivos que causaram isso. - Falei com ironia.

- O problema não é você, sou eu.

- Não vem com essa frase, pelo amor de Deus.

Ele só deu um risinho. E eu disse :

- Então é isso meu querido. Nos conhecemos,começamos a conversar, nos apaixonamos, passamos um ano e meio juntos, para no fim, acontecer isso. Me fez de boba todo esse tempo.

- Me desculpe se eu te magoei.

- Você já magoou. Não tem volta.

- Eu sinto muito...

- Ah, sente. Espero que não se arrependa.

- Mas ainda podemos ser amigos.

- Ta de brincadeira né, Rodrigo?

Ele ficou calado. Mais lágrimas. Finalmente ele virou o rosto e olhou nos meus olhos. Rodrigo era incrivelmente bonito. Seus olhos escuros eram irresistíveis e me encaravam. Estava com raiva e ódio dele, mas ele ainda era o mesmo gato de sempre. Droga.

Ele começou a falar :

- Eu nunca vou esquecer nada o que tivemos. Nada.

- Ah, por favor, não seja ridículo. Chega de piadas.

Ele desviou o olhar novamente para baixo e  esfregou os lábios.

Eu me levantei e fiquei na frente dele.

- Então, isso é um adeus... - Ele disse.

Eu fechei os meus olhos e pude sentir o perfume dele se misturando com o meu. Quando abri, ele estava na minha frente, a poucos centímetros de distância. Mais uma lágrima cai. Enxuguei.

- Tchau. - Ele disse. Aquela palavra teve o poder de abalar as minhas estruturas. O imprestável ainda me deu um beijo na bochecha, e então, se foi. Fiquei alguns segundos esperando pra ver ele voltar e dizer que não queria mais terminar, pois não ia viver sem mim. Ilusão. Mas ele já tinha sumido pela rua. E eu nunca mais falei com ele.